CABERNET SAUVIGNON - A RAINHA DAS UVAS TINTAS
- Luís Gustavo Bassani
- 4 de nov.
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Não seria exagero afirmar que a Cabernet Sauvignon é a uva tinta mais conhecida no mundo. De acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), - 2015 – entre as variedades finas, a Cabernet Sauvignon foi, em hectares, a mais plantada – 340.000ha -, seguida da Merlot – 266.000ha-, e Tempranillo – 231.000ha.Descendente direta da Cabernet Franc e da Sauvignon Blanc, tem grande capacidade de se adaptar fora de seu território, o Médoc, França. Esse sucesso fora de terras gaulesas se justifica pelo fato de essa variedade alcançar o seu ponto de maturidade fenólica e sacárica mais tardiamente, fato que é extremamente positivo quando se trata de seu cultivo em regiões mais quentes, como por exemplo, o Brasil. Em Bordeaux, mais precisamente na margem esquerda do estuário do rio Gironde, nas regiões de Haut-Médoc, Médoc, Pessac-Léognan e Gravfes, a Cabernet Sauvignon reina soberana, dando origem a ícones como Château Lafite-Rothschild, Haut-Brion, Château Latour, Château Margaux, entre outros, onde são, via de regra, cortados com Merlot, Cabernet Franc e, por vezes, Petit Verdot. A Cabernet Sauvignon tem grande destaque e prestígio em outras regões de cultivo, inclusive no Novo Mundo, quais sejam: França (Loire), Itália (Bolgheri), Áustria, Espanha (Penedès), Estados Unidos (Califórnia), Chile, Argentina, Canadá, Austrália (Coonawarra), Nova Zelandia (Hawke's Bay)1, Brasil e África do Sul.
A groselha preta é sua inconfundível característica aromática, independentemente de qual região é cultivada. Quando jovem apresenta uma profunda coloração púrpura e pode apresentar notas de cedro e tabaco quando amadurecida em barricas de carvalho novo.
A Cabernet Sauvignon é uma variedade de bagos pequenos envoltos por uma grossa casca, tornando-a rica em extratos sólidos, como corantes, as antocianinas e polifenóis, como os taninos, responsáveis pela adstringência característica dos vinhos tintos. Apesar de não ter um elevado potencial alcoólico, é capaz de produzir vinhos longevos, como os bordaleses citados acima, cultivados em climas mais frios. Entretanto, vale a menção de que em Bordeaux, em especial na margem esquerda do Gironde, a variedade mais plantada não é a Cabernet Sauvignon, como muitos creem, mas sim a Merlot, que brevemente será objeto de uma resenha própria.
Fora da França, juntamente com a Califórnia, nos Estados Unidos da América, a Toscana, na Itália, certamente é um Éden para a Cabernet Sauvignon. Os produtores toscanos, sob influencia da Sassicaia, há tempos buscam o aperfeiçoamento do corte Sangiovese e Cabernet Sauvignon.
Nas palavras de Jancis Robinson: “A Cabernet toscana tende a ser marcada por uma estrutura firme, um amargor presente, porém não desagradável, e um sabor distintamente salgado”
O lento período de maturação da Cabernet Sauvignon faz com que ela conserve sua acidez, facilitando, desta forma, que ela prospere em regiões mais quentes, como a Sicília.
Na Espanha encontrou condições favoráveis para seu pleno desenvolvimento e demonstra todo seu potencial e reconhecimento nas colinas do Penedès. Já os produtores de Somontano e Navarra souberam trabalhar bem no assemblage da Cabernet Sauvignon com a Tampranillo.
No Novo Mundo, mais precisamente no norte da California, no Napa Valley, a Cabernet Sauvignon é colhida em elevado grau de maturação originando excelentes exemplares, com elevado graduação alcoólica, acolhendo uma legião cada vez mais crescente de entusiastas.
Na América do Sul, o Chile recebeu as primeiras mudas de Cabernet Sauvignon muito antes de os vinhedos da Europa terem sido devastados pela phylloxera. Ainda, no Chile, embora grande parte do senso comum ter como certo que a uva emblemática seja a Carmenère, é a Cabernet Sauvignon a principal uva daquele país, muitas em pé franco. Esse dado se solidifica quando a maior vinícola chilena, a Concha y Toro afirma orgulhosa de ser proprietária da maior quantidade de vinhedos dessa variedade em todo o planeta.
De modo geral, grande presença de antocianinas (matéria corante), taninos generosos e certa longevidade são características físico-químicas da Cabernet Sauvignon, além das organolépticas como: aromas de cassis, frutas negras, herbáceo, pimentão, eucalipto e couro. Podendo ter notas de caixa de charutos, cedro e tabaco quando algum tempo em contato com carvalho novo.
*Luís Gustavo Bassani
